Sunday, February 15, 2009

"Tu me acostumbraste..."

"Tu me acostumbraste, a todas esas cosas"...

Ele disse, voz firme, mas sem rancor:
-Refaça sua vida, por favor, eu refiz a minha.
Minha voz apagou-se.
Desde aquela manhã vertem lágrimas de meus olhos. Não contenho, envergonho-me, evito sair.
Não encontro alívio. Meus sonhos são invadidos pela sua imagem.
Sou prisioneira. Os grilhões, antes consentidos, agora doem. Só ele pode soltar-me.
Com que palavra ou gesto me salvaria?

Thursday, April 19, 2007

Fome de amor

Quando os olhos dele pousaram nos dela depois de tanta ausência, o peito disparou, mal entendeu o que ele disse, queria sair dali o mais depressa possível, recuperar o fôlego. Todos em volta passaram a intrusos. Caminharam em silêncio até o estacionamento. Num acordo silencioso dirigiram-se para o carro dela.
-Senti sua falta, ela disse insegura.
-Precisei viajar às pressas, ele respondeu.
Não disse mais nada, beijou-a, as mãos subindo pelas coxas lisas, buscavam o sexo intumescido.
-Abra mais as pernas, ele dizia.
Minutos depois numa cama de hotel, ela, receptiva, recebia o membro rijo em sua boca como num gesto litúrgico.
Depois abria-se despudorada, morna e úmida. Desta vez não em fantasia. Ele estava ali, os olhos verdes a devorando.

Sunday, April 08, 2007

Enquanto o sol se esconde no poente

Enquanto o sol se esconde no poente

Largo o livro,
deito no solo tépido.
O céu azul desbota-se ao entardecer.
Logo virá o lilás.

O urubu em vôo ágil corta o anil.
Deixou em terra o que restou da carcaça podre.

Só há você em mim-
como fragrância me persegue.
Tento me livrar.
Desisto.
Sinto suas mãos firmes em mim.
Busca caminho.
Então, me abro despudorada,
enquanto o sol se esconde no poente...

Thursday, March 29, 2007

Ele não veio. Esperou o dia todo. Ao entardecer o desapontamento pesava. Os olhos, com pálpebras caídas, borrados de kajal.
Fechou a casa. Os pássaros, em algazarra, a irritavam. Há dias em que deseja tapar ouvidos e não ouvir os bichos. Em outros dá prazer a alegria que vem de fora.
Deitou no sofá da sala que escurecia. Quis ficar perto do telefone. Talvez ele ligasse.
Amanheceu na sala. Batia sol no corpo, vinha subindo pelas pernas. Foi se despindo aos poucos. Abriu as coxas. Deixou que o sol a possuísse.
Ele não vem, nem telefona, há dias. Nem adianta ligar, o telefone toca até eu me cansar. Não há resposta.
Passei estes dias na expectativa. Hoje me cansei. Há um momento em que eu sinto que é preciso parar.
Fingir que ele não existe. Como? Ah! eu invento formas de esquecê-lo. Sabem como? Lembro das maldades dele. É mau, muito mau, quando quer. Sabe ser sedutor também. Mas é seco e mau, o meu eleito. Eu disse: "Meu eleito". Ih! estou ficando louca. Acabo de dizer que não o quero mais.
É assim no início. Fico confusa. Estou impregnada por ele. Sou capaz de sentir o cheiro dele no meu corpo.
Esta noite sonhei com um homem e não era ele. Não sei quem era. Um sonho erótico com outro homem é um bom começo para esquecer.
Ah! um dia eu consigo. Vocês verão.

Thursday, December 14, 2006

Mal esperou que fechasse a porta, agarrou-a por trás, beijando sua nuca, beijo molhado.

Ela virou-se. Beijou-a voraz. Abriu a calça atrapalhado. Levantou seu vestido de festa. Ela nada fazia.

A meia de nylon suja foi para o lixo com o cartão dele. Antes do longo banho dela.

Wednesday, December 13, 2006

Subia a escada do Motel, ela à frente, ele quase grudado.
Sente sua mão bruta no meio de suas pernas, buscando o sexo.
Quis desistir. Não sabia como.
Saiu alta madrugada, corpo doído. Os cabelos molhados, tão gelados quanto ela.
Mas viva, pensava.

Sunday, October 15, 2006

As luvas.

Quando ele a jogou na cama e puxou com força sua calcinha, antes da saia, assustou-se.
Viu, sobre a prateleira, um par de luvas de boxe. Teve medo.
Ajudou-o a tirar o sutien. Facilitou entregando-se docilmente.
Ele, minutos depois, estava manso, beijando-a como há muito não era beijada.
Ela esqueceu as luvas.

Saturday, July 29, 2006

Viu os olhos dele a fulminarem quando disse:
-" Não mudo uma vírgula na minha vida por você."
Lança afiada no coração. Por uns segundos pensou como viveria sem ele.
Mas o amor é tanto que supre o dele, 'homem maduro, coração duro'.
Foi até a cozinha, fez o café como ele gosta, quase amargo. Ao oferecer a xícara seus olhos eram frios. Deixou que tomasse o café, aproximou-se, beijou seus lábios até adocicarem e ele a tomar nos braços.
Dali ela o amaria mais densa que nunca, teve os segundos de luto, beijaria aquele corpo religiosamente até ele lhe oferecer o gozo em jorros e entrega.

Sunday, June 18, 2006

Atrás da porta.

Ela disse:
- "Não tenha medo, ele não vai te machucar. Deite ai. Eu vou ficar aqui atrás, não vou ficar olhando".
A mulher fingiu estar escondida atrás da porta, mas a menina a via.
A menina deitou, baixou a calcinha, o jovem veio e deitou por cima, o pênis ereto, ele ofegante.
Não sabe quanto tempo durou, sabe que gostou, lembra do pênis dele forçando a entrada na sua vagina, sentiu prazer.
A mãe quando descobriu, fez escândalo, fez o pai pedir transferência, foram embora da cidade.
Depois dele vieram outros e ela sempre a sentir prazer.
Deve isto à mãe que a chamou de puta.

Monday, June 05, 2006

Bom dia, amor.

Virou-se quando sentiu o sexo morno nas suas costas.
Ele ainda adormecia, foi se enroscando como uma hera. Ele acordou quando ela já estava úmida, pronta, apenas sorriu.
Fazia frio, nada urgia, passaram o dia assim, enroscados.

Thursday, May 25, 2006

Quando ele lambeu sua nuca, sentiu nojo. Pensou em acabar logo com aquilo, fingiu gostar, virou-se, beijou o rosto de barba rala, desceu, abriu sua calça com pressa, ele gemia de prazer, ela fingia.

Tuesday, May 23, 2006

Quando ele disse: "tire a roupa" em tom autoritário, achou graça.
Foi tirando devagar, insinuante, no ritmo da música.
Ele veio como um bicho, arrancou o que restava, rasgando, lanhando.
Jurou naquele momento que esta seria a última trepada dele.
E foi.

Thursday, May 04, 2006

Mini conto erótico III

Acordou úmida, passou a mão entre as pernas, cheirou a mão com cheiro de sexo. Passou o dia com aquele cheiro impregnado desejando mais e mais.

No banho sentiu a mão dele nas suas pernas, nas coxas lisas. Ele alisava sua pele, deslizava o pênis nas suas costas, beijava sua nuca, sua boca.

Saiu dali, deitou nua e gemeu de prazer na cama ainda desfeita.

Tuesday, April 25, 2006

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Monday, April 24, 2006

Mini conto erótico.

Num beco.

Ele estaciona o carro no final de uma rua, num beco escuro.

Diz: “Deixa, deixa, quero te ver nua...”.

Ela reluta, não têm intimidade, sabe tão pouco dele, mas ele insiste beijando sua nuca, sua boca, sussurra:

“Quero tanto te ver nua...”

Ela deixa que abra sua blusa, beije seu colo, com a boca vá tirando seus seios para fora. Quando vê está ali, entregue. Ele beija tanto seus seios que num frêmito ela goza envergonhada.

Ele a deixa na esquina de casa, enquanto ajeita a roupa, olha para ele e descobre, pelo olhar, que a partir dali é sua presa.

Tuesday, April 04, 2006

De perfil.


No reflexo do vidro do quarto vê o corpo, de perfil olha a barriga, apalpa,

quer adivinhar o que há ali dentro.

No vaso sanitário olha se saiu algo de dentro, tem que sair.

“Isto é coisa de prostitutas, de vadias, vai um dia acabar grávida”, ainda ouve a voz aguda da mãe. Tinha sete anos.

Aos trinta, grávida pela quinta vez, grita de dor enquanto o aborteiro raspa seu útero.

Menos um.

Friday, February 03, 2006

Ave Maria..


Despertou de madrugada com os cães latindo, correndo para a frente da casa, era ele, sabia. Sente um nó no estomago. Instintivamente leva a mão para o ventre e se encolhe.
“Ai meu Deus, fazei com que não esteja embriagado”. Exausta não suportará outra noite de sexo interminável. Começa a chorar em silêncio.

”Ave Maria cheia de graça. Ave Maria cheia de graça o Senhor é convosco...”. Não lembra mais, “ai meu Deus me perdoe e me ajude. Ave Maria cheia de graça, Ave Maria cheia de graça...”

Monday, January 09, 2006

Desejo.

Quando cheguei com as flores ela me recebeu com um beijo e um: “Obrigada, querido”. Sumiu, voltou com as flores na jarra de vidro -margaridas brancas.
Na rua com as flores na mão me senti nu, no meio da sala me senti desconfortável, foi a primeira vez que subi.
Veio em minha direção, me beijou abraçando, alegrinha. Quando a vejo assim, leve, meu lado taciturno sobressai. Silencio. Ela perguntou o que foi, “nada, não foi nada”, respondi sem convencê-la.
Então me puxou para o quarto, mandou que me despisse e deitasse, obedeci em silêncio. Continuou vestida, usava uma camiseta branca e short também branco. Eu, nu, diante dela vestida, a dona da situação.
Ajoelhou-se aos meus pés na cama e os massageou. Estes pés tão habituados ao desconforto doem ao serem tocados. Estalou cada dedo, dizendo baixinho: “se solte, vamos, se solte”.
Foi subindo pelas minhas pernas peludas, primeiro me alisou com aquelas mãos pequeninas, depois tocou alguns pontos compenetrada.
Quando me viu entregue, sem resistência, se despiu olhando desafiadoramente nos meus olhos, muito séria.
Estava pronto.
Ela veio, então, deslizando a partir dos meus pés esfregando seu corpo suave e leve no meu até alcançar o que desejava.
Montou até a exaustão.

Tuesday, December 06, 2005

Desconcerto.

Não contenho o sorriso, é inevitável, não nego o prazer em vê-la assim perdida, não diria desesperada, apenas perdida.

Ela tão cheia de certezas...

Vejo aqueles olhos nos meus, esfomeados, querendo me decifrar, percebo seu desconcerto. É meu o próximo passo, ela sabe, espera.

Eu a farei sorrir, não sobrevivo sem este sorriso, ela não sabe, apenas intui.

Friday, December 02, 2005

Ela passa uma, duas, três vezes na calçada em frente. Quem vê pensa que é louca. Pisa firme com os saltos altos, o toc toc a denuncia. Traz algo nas mãos, de longe parece um terço, mas não é, conheço bem aquele cordão, ganhou de um amigo grego, ela não o larga, diz que dá sorte. Olha alternadamente para a casa e para ao fim da rua, pensa que ainda não cheguei. Faz quase uma hora que está ali, andando de um lado para o outro impaciente, conheço esta impaciência, ela pensa me pegar de surpresa, está com o discurso pronto, adivinho o que diria se abrisse a porta ou me vislumbrasse atrás da cortina:

-Seu cretino, filho da puta, como foi sair com ela? eu pedi tanto que se afastasse daquela filha da mãe!

Logo a raiva se dissiparia, nunca brigamos, basta-me fixar bem os olhos nos olhos dela e sorrir, ela desmonta, vem correndo para meus braços, chora, me faz jurar que nunca mais a farei sofrer. Não digo nada, não posso lhe dizer que também amo a outra.

Vejo suas belas pernas cobertas por meias pretas, “só uso meias pretas”, ela gosta de dizer.

Sei que se abrir a porta, beijarei aquele rosto até que ela sorria: “você é um cretino, filho da puta” dirá sorrindo entre um suspiro e outro, minhas mãos deslizando nas coxas lisas, seda pura, ela estará exausta de tanto esperar, serei eu o condutor, não pedirá nada, se entregará como sempre como se fosse a última. Ela sabe que pode estar certa.

Wednesday, November 23, 2005

Às três da manhã.

Às três da manhã ele veio até nosso quarto acendeu a luz e disse:
-"olhe para mim, é a última vez que me vê". Sonada, mal entendi, mais tarde decifrei.
Ouço um barulho ensurdecedor, levanto sem entender o que acontece, ele está caído no chão da varanda, a cabeça arrebentada, sangue por toda parte, cheiro de sangue, pego no revólver, tento entender como foi. Corro desesperada pela casa, não há ninguém para chamar, grito por socorro, ninguém ouve, não há ninguém perto. Os cães fuçam o corpo, lambem o sangue. Sento no chão e choro, grito desesperada, não preciso ter vergonha, ele não está mais ali.

Friday, November 04, 2005

Se aproxima em silêncio,olha o olho mágico.
Não, não pode abrir, esperou tanto, hoje não poderá abrir.
Como explicar que ontem arrancou do ventre, hoje seco, o filho que poderia ser seu?

Thursday, October 27, 2005

Vôo livre.

Livrou-se

da força daquelas mãos.

Descobre um corpo desconhecido,

sem desejo,
sem ódio

calmo.

Monday, October 24, 2005

Teço fantasias
te vejo
cavaleiro
bonito
saltas obstáculos
e montas
suavemente
penetrando meu sexo morno e rosa.

Thursday, October 20, 2005

De olhos fechados
tua mão
concha
toca meu seio
Não há pressa
conheces o caminho
te acolherei
fluida e cálida
sabes.
Tua mão hábil
leva minha mão
às suas coxas.
Sorrio.

Monday, October 17, 2005

A lua me desnuda
traz desejos
nostalgia
Dói ver a lua.

Thursday, October 13, 2005

Meu sexo
rubro e úmido
pulsa
a espera do teu.

Saturday, October 01, 2005

Ficou encantada ao se ver no espelho com o vestido da patroa.
Dançou pela suite.
Com a tesoura fez pequenos cortes nas roupas penduradas.
Ao bater a porta sabia que não haveria retorno.